
Mercado do Cacau se Mantém Estável em Semana Curta nos EUA, com Olhares Voltados ao Projeto Fiscal de Trump
Por: Claudemir Zafalon
Os mercados financeiros globais iniciam a semana sob expectativa moderada, especialmente nos Estados Unidos, onde os investidores acompanham com atenção o andamento do projeto de lei “One Big Beautiful” — pacote de cortes de impostos e gastos proposto pelo presidente Donald Trump. A proposta avança lentamente no Senado, com incertezas crescentes sobre sua aprovação antes do feriado de 4 de julho, data simbólica no calendário político e econômico norte-americano.
Enquanto isso, em Wall Street, os contratos futuros do S&P 500 sinalizam potencial para uma nova máxima histórica, sustentando o sentimento positivo nos mercados acionários. No entanto, o ritmo mais lento da semana — encurtada pelo feriado nacional — combinado com o fechamento do mês, do trimestre e do semestre, contribui para a falta de uma direção clara no mercado de commodities agrícolas, incluindo o cacau.
Na sexta-feira (28), o contrato de setembro de cacau negociado na ICE oscilou entre US$ 8.901 e US$ 9.288 por tonelada, encerrando o dia em US$ 8.921/ton — queda de US$ 120 no dia. O volume negociado somou 7.394 contratos, com um total de 16.419 contratos movimentados ao longo do dia. O interesse em aberto permaneceu robusto, em 88.564 contratos, refletindo ainda certa participação ativa dos operadores, mesmo em ambiente de menor volatilidade.
Os estoques certificados nos portos dos Estados Unidos — monitorados pela ICE — continuam estáveis, totalizando 2.315.161 sacas. Na sexta-feira, foram registradas 159 entregas físicas feitas pelo Société Générale, elevando o total do mês para 732 contratos entregues. Entre os recebedores, destaque para a ADM, com 44 contratos, e a própria Société Générale, com 115.
O relatório do CFTC (Commodity Futures Trading Commission) referente ao período de 17 a 24 de junho indicou que os fundos reduziram sua exposição comprada líquida em 3.479 contratos, encerrando a semana com uma posição líquida comprada de 14.244 contratos. O movimento indica leve cautela dos investidores financeiros diante da indefinição do cenário climático nas origens africanas e da estabilização dos preços após semanas de alta.
As atenções do mercado agora se voltam para os dados de moagem do segundo trimestre, que serão divulgados em 17 de julho nas regiões da Europa e América do Norte. Os números serão fundamentais para avaliar o comportamento da demanda em meio aos elevados preços do cacau e à pressão sobre os custos da indústria de chocolate.
No câmbio, o contrato de real x dólar com vencimento em agosto fechou a sexta-feira cotado a R$ 5,53, praticamente estável em relação ao fechamento anterior, a R$ 5,537. A estabilidade cambial contribui para manter os diferenciais de exportação e importação sob controle no mercado brasileiro.
Com clima morno nos negócios e investidores focados no cenário macroeconômico e político dos EUA, o mercado de cacau tende a manter postura lateral nos próximos dias, à espera de novos catalisadores — sejam eles climáticos, fiscais ou de demanda industrial.
Fonte: mercadodocacau

Oferta Maior em Gana Gera Pressão de Baixa nos Preços do Cacau
Os preços do cacau registraram forte queda nesta terça-feira (1), pressionados por projeções otimistas para a próxima safra de Gana. O contrato de setembro na ICE de Nova York (CCU25) caiu 7,59%, encerrando o dia com recuo de US$ 683, enquanto o contrato equivalente na ICE de Londres (CAU25) recuou 4,53% (-US$ 269), ambos atingindo mínimas de uma semana.
Segundo o Conselho de Cacau de Gana, a produção para a temporada 2025/26 deve crescer 8,3% em relação ao ciclo anterior, atingindo 650 mil toneladas métricas. A notícia, que eleva a perspectiva de maior disponibilidade global, contrastou com os temores recentes sobre oferta limitada da Costa do Marfim, o maior produtor mundial da commodity.
Apesar do otimismo em relação a Gana, os fundamentos seguem mistos. A Costa do Marfim, principal fornecedor global, enfrenta desafios com a colheita intermediária, prevista para ser 9% inferior à do ano passado, totalizando 400 mil toneladas. O declínio é atribuído às chuvas tardias e à menor produtividade nas lavouras, comprometendo a qualidade dos grãos.
Exportadores e processadores vêm relatando aumento na rejeição de lotes de baixa qualidade. Em média, de 5% a 6% dos grãos embarcados estariam fora do padrão, e o percentual de safra principal considerada de baixa qualidade chega a 10%, de acordo com avaliação do Rabobank.
Além disso, as exportações nigerianas também sofreram retração em maio, com queda de 29% em relação ao ano anterior, somando 14.110 toneladas. A Nigéria é o quarto maior exportador mundial de cacau.
Os estoques nos portos dos EUA continuam subindo. Dados da ICE mostram que os estoques certificados passaram de 2.363.861 sacas em 18 de junho para uma média de 2.381.665 sacas no final do mês — o maior nível desde janeiro.
No lado da demanda, os sinais seguem fracos. Segundo a Organização Internacional do Cacau (ICCO), a moagem global caiu 4,4% no primeiro trimestre de 2025, em comparação anual. Na América do Norte, a retração foi de 2,5%, e na Europa, de 3,7%. Já a moagem asiática encolheu 3,4%, somando 213.898 toneladas.
Com base nesse cenário, a ICCO revisou para cima o déficit global de oferta da temporada 2023/24, que agora está estimado em 441 mil toneladas — um dos maiores já registrados. Para a temporada 2024/25, o déficit projetado é de 142 mil toneladas.
Fonte: mercadodocacau com informações barchart